A
História
O título
“Doze anos de escravidão” diz bastante sobre a história e já
nos permite imaginar sobre seu assunto principal.
Solomon
Northup, homem negro e livre que vive no Norte dos Estados Unidos é
conhecido por suas muitas habilidades, entre elas, a que mais se
destaca é o seu dom de tocar violino. Casado e vivendo com a esposa
e três filhos, ele se vê obrigado a estar sempre procurando alguma
forma de manter sua família.
“Quão
frequentemente desde esses tempos não me ocorreu a lembrança de
seus conselhos paternais, quando eu me encontrava em cabanas de
escravos nas regiões distantes e deletérias da Louisiana,
amargurando-me com as ferida imerecidas que um senhor desumano me
infligira e desejando apenas que o túmulo que cobria meu pai também
me protegesse da chibata do opressor” (Pág: 19)
Em uma
dessas, ele conhece dois homens que de início parecem amigáveis.
Eles tratam Solomon muito bem e pagam pelos seus serviços como
músico. No entanto, em uma das noites que está na companhia desses
homens, ele sente-se mal e fica desacordado.
Quando
volta a si, Solomon se vê diante de uma situação que marcará sua
vida para sempre. Ele foi sequestrado e vendido como escravo. Assim,
o personagem é levado para o Sul do país, região na qual a
escravidão é permitida.
“Ao
pai todo poderoso de todos nós – do homem livre e do escravo –
desabafei as súplicas de um espírito alquebrado, implorando por
forças lá de cima a fim de suportar o peso de meus problemas, até
que a luz da manhã acordou os que dormiam, recebendo mais um dia de
servidão.” (Pág: 65)
Doze anos
se passam e Solomon já não acredita mais que voltará a ter a vida
que vivia antes, quando algo acontece e ele tem de volta a sua
liberdade.
Minha
Leitura
Um dos trechos que mais me chocaram, por exemplo, aconteceu no
mercado de escravos. Quando uma mãe era separada dos seus dois
filhos. Presenciamos um sofrimento palpável que toca nosso coração
e traz lágrimas aos nossos olhos. E ainda nessa cena, o comprador
quis evitar o sofrimento da escrava, fazendo uma oferta pela mãe e
pela filha. Mas a crueldade e o egocentrismo humano são maiores que
os sentimentos pelo próximo e o vendedor não permite a venda da
criança, visando apenas lucros no futuro.
“Não
é culpa do proprietário de escravos se ele é cruel; antes, é
culpa do sistema no qual ele vive. Ele não consegue se opor a
influência do hábito e das relações que o cercam. Ensinado desde
a mais tenra idade por tudo o que vê e ouve que a vara foi feita
para as costas do escravo, na idade madura não consegue mudar de
opinião” (Pág: 166)
São histórias como essa que fazem voltarmos nossos olhos para nós.
Muitas vezes nos aborrecemos e damos uma importância desproporcional
a algo e não lembramos que pessoas como esses escravos tinham
motivos reais e concretos para reclamarem de suas vidas e nem por
isso o faziam. Fica então a reflexão, será que as vezes não
acabamos sofrendo por algo que não merece realmente tanta atenção?
Impecável. Uma escrita que prende e dinamiza a leitura, e ainda
assim consegue trazer as marcas e construções características dos
clássicos, com frases rebuscadas e refinadas. Também é perceptível
o quanto o fato de o autor estar escrevendo, compartilhando sua
própria história dá originalidade a escrita e uma imagem mais
próxima de como realmente tudo aconteceu.
É importante também mencionar as comparações e metáforas
utilizadas pelo autor, que são de uma maestria invejável, pois
realmente condizem bem com a situação narrada e nos permitem uma
interpretação melhor do fato apresentado.
“A
esperança de ser resgatado era então a única luz que jogava algum
raio de consolo em meu coração. Ela agora era trêmula, fraca e
baixa; outro sopro de desencanto trataria de extingui-la, deixando-me
tatear numa escuridão total até o fim da minha vida” (Pág: 190)
Solomon
Northup é um personagem que conquista o leitor. Que consegue ser
ingênuo e destemido ao mesmo tempo. Um personagem que de início não
aceita a condição imposta, que insiste no que ele sabe que é
verdade, que ele é livre. Mas o desejo de conservar sua vida e a
esperança de reencontrar a família silenciam as ideias de Solomon.
Não se
pode deixar de mencionar o fato de o autor sempre procurar atestar a
veracidade dos fatos que relata, apresentando datas e documentos que
comprovem suas afirmações. Outra característica elogiável é o
fato de ele, mesmo nas condições em que se encontrava, não culpar
os justos. Mesmo com todo o sofrimento, o personagem tinha a lucidez
de elogiar e agradecer aos bons senhores que teve e defendê-los, ou
seja, o personagem não se deixou corromper pelo sofrimento e ainda
deu méritos a quem de direito.
De forma
geral, estamos diante de uma leitura indispensável, tanto por trazer
um conhecimento mais amplo a cerca de um período negro da história
da humanidade quanto por nos fazer observarmos e revermos nossas
próprias ações, desejos e reflexões.
Título:
Doze Anos de Escravidão
Autor:
Solomon Northup
Editora:
Penguin Classics - Companhia das
Letras
Páginas:
273
Nota:
5/5
Não li o livro e não vi ao filme, mas a história é maravilhosa. Amei sua resenha, quero muito lê-lo!
ResponderExcluirBeijos, http://leiturasemfrescuras.blogspot.com.br/
Olá, Mariana!
ExcluirObrigado pela visita e pelo comentário. Leia mesmo, pois é uma história que vale a pena conhecer e se orgulhar de ter lido.
Um Abraço!